26.10.08

"Ela é bonita, é minha cara, e seu sorriso, é igual ao meu..."

Eu tinha 13 anos (quase 14) quando nos vimos pela primeira vez. Havia uma janela de vidro entre a gente e ela tinha olhos nojentamente remelentos mas, ainda assim, fazia esforço para mantê-los abertos, dando-me a impressão de que diziam 'Olá! Cheguei pra marcar presença na sua vida!'. Era estranho...

Eu já tinha uma irmã fazendo parte de 'toda a minha vida', dada a diferença mínima de 3 anos entre a gente. Mas agora teríamos companhia. Como seria?!?!?

Descobri no dia seguinte, indo ao hospital para a visita da tarde, na companhia da minha melhor amiga (me sentindo 'gente grande'). Num contato beeeem mais humano, segurei no colo, ou melhor, nas mãos, aquele pacotinho de pouco mais de 3Kg e 48cm, que na ocasião usava um macacãozinho azul em cuja estampa predominavam vários 'Horácios' do Maurício de Souza. E eis que ela resolveu 'eliminar' uma água verde que imediatamente escorreu pelos meus dedos.

Ok, é nojento, eu sei. Mas foi ali que percebi o quanto aquele 'ser-humaninho' faria diferença na minha vida.

E troquei algumas fraldas (pouquíssimas na verdade) e fiz suco de laranja. E fiz músicas pra ela parar de chorar e para ela conseguir dormir. E brinquei de ser terapeuta quando ela ainda estava no berço. E fiz a decoração da sua festa de um ano. E a deixei cair da cama. E arrumei seus cabelos. E a levei pra casa das minhas amigas. E fotografei todas as suas poses. E a fiz chorar. E a fiz rir.

E a levei ao cinema e ela afundou na cadeira e assistimos 'Zuando na TV' e passamos uma semana dizendo 'Eu quero saber onde é que tá o meu Ulysses!'. E fiz mais músicas. E fiz a decoração da sua festa de 5 anos. E a levei ao teatro. E a levei ao shopping pra ver Atchim e Espirro. E a levei na escola. E a busquei na escola. E fui vê-la dançar na escola.

E choramos juntas na separação dos nossos pais. E rimos juntas da professora que pensou que eu fosse sua mãe. E a vi chorar porque tava virando mulher. E a vi usar salto, fazer depilação, fazer as unhas, pintar o cabelo. E fui acordada de madrugada pra saber do seu primeiro beijo. E deixei de escrever no blog pra ficar abraçada com ela recebendo choro no ombro.

Ela, a Jé, meu 'laboratório' para a maternidade, que hoje faz inacreditáveis 16 anos. E a quem eu parabenizo. E a quem eu amo muito.



FELIZ ANIVERSÁRIO, JÉ!!!


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