8.10.08

Mãe sabe das coisas (não sabe?)

Eu tinha uns 14 ou 15 anos e havia descoberto que ele, o cara que eu sequer havia beijado e com quem eu mal trocava algumas palavras, era a fim de uma garota da sala. E não era uma garota qualquer: ela era bonita, inteligente, amiga de todo mundo. Era 'a' mina. E era isso que doía tanto: ela não era mais uma das 'garotinhas' com quem ele ficava e que eu fingia (pros outros e pra mim), não me importar. Era alguém especial.

Naquele dia agüentei firme até o fim da aula, mas cheguei em casa aos prantos, direto pro meu quarto, a cara no travesseiro.
Enquanto me fazia um cafuné, enroscando seus dedos nos meus cabelos negros compridos e respeitando todo o meu sentimento daquele momento, minha mãe soltou 'a pérola' que me acompanharia para o resto da vida: "Ô, filha... Você ainda vai chorar tanto!"

(...)

Eu já não tinha mais 14 nem 15 anos quando soube por ele, o cara por quem eu havia me apaixonado e com quem havia ficado, após tanta troca de palavras e idéias e compartilhamento de sonhos e particularidades, da sua condição de 'namorando'. E de nada me importava saber se ela era bonita, inteligente ou amiga de todo mundo. E ela era 'a' mina: dele. E só isso já a tornava especial.

Naquele dia agüentei firme até o fim do expediente, mas cheguei em casa num choro soluçante, direto para o colo da minha mãe. Enquanto me fazia um cafuné deslizando seus dedos nos meus cabelos curtos e um pouco coloridos, compartilhando do meu sentimento naquele momento, ela foi um pouco mais a fundo: "É, filha... Eu sei que dói, mas vai passar. Parece que não, que você vai morrer, mas vai passar. É que nem morte: você acha que nunca vai se recuperar, mas o tempo traz conforto. Demora, mas você se acostuma."

(...)

Ok, minha mãe é a mais foda de todas!!! Mas quer saber a real? Maldita a hora em que deixei de me apaixonar por casca e aprendi a amar conteúdo...


Nenhum comentário: