22.12.09

O maníaco do taco na Livraria Cultura



- Oi, Neurótica! Td bom?
- Td e vc?
- Td bem tb. Pode falar?
- Posso, claro!
- É que preciso dividir com alguém: tô até agora impressionado com o lance do cara que levou as tacadas na cabeça.
- É, eu tb...

Uma conversa MSNica, do tipo 'trivial', mas que ficou ecoando na minha cabeça até agora, às duas e tantas da madruga: o que faz uma pessoa se armar de um taco de beisebol e entrar em uma livraria com a intenção de fazer uma vítima? E pior (se é que se pode nivelar uma barbárie desse tipo): vítima escolhida aleatoriamente.

Que o mundo anda de pernas pro ar já há algum tempo, tá todo mundo careca de saber (se você não sabe, é porque não tem tia ou avó que ficam repetindo isso a todo momento). Mas o que me deixa perplexa é esse estado de vulnerabilidade sem controle e do qual temos nos tornado reféns.

Em alguma época da minha vida eu ouvi dos meus pais (assim como dos mais velhos) que era preciso evitar as
zonas de risco: não ir a bairros distantes, evitar lugares tidos como 'perigosos' e com pouco movimento.

Depois, passei a ser advertida sobre as
situações de risco: não volte muito tarde, não saia sozinha, não converse com estranhos, não encare as pessoas na rua.

Na sequência, a controlar o
pânico durante o risco real à vida: não reaja a um assalto, entregue o que ele pedir, saia do carro e não olhe pra trás, sua vida vale mais do que um par de tênis.

Nos últimos tempos, com pessoas matando a troco de nada, fomos treinados a exercer um pacifismo exagerado em prol de evitar o
risco imaginado e, assim, por vezes, não somente damos a cara pra bater, como quase chegamos a agradecer o feito: o cara te fechou no trânsito? Deixa pra lá, ele pode estar armado! Estão te empurrando no metrô lotado? Ok, dê um passinho pro lado e tá tudo certo, "a gente nunca sabe quem é essa gente!". O aluno ameaçou o professor? Sobe logo a nota dele! Vai que ele é amigo de traficante...

Então agora, por favor, ALGUÉM ME EXPLICA que porra de fase é essa em que você sai de casa pra comprar um livro, espairecer, que seja, em bairro nobre, durante o dia, em lugar movimentado, e é gratuitamente atacado por um filho da puta com um taco de beisebol, que tem a intenção de te matar sem nem sequer ter visto a tua cara antes? Que porra de mundo é esse que está além das escolhas sobre onde ir, com quem estar, a que horas voltar, reagir ou fugir? Que porra de mundo é esse que te deixa sem escolha? Que porra de mundo é esse? Porra!!!



(mais sobre o assunto aqui)

Um comentário:

olegado disse...

é o fim do mundo!!