27.2.09

Na Natureza Selvagem (Into the Wild. EUA, 2007.Dir.: Sean Penn. 140min)

Não me lembro ao certo há quanto tempo eu estava com esse DVD em casa. E nem por que demorei tanto para assisti-lo. Havia dias em que prevalecia a falta de tempo. Em outros, era eu querendo ver qualquer comédia romântica que me fizesse rir de mim mesma. E Into the Wild ia ficando lá, assim, em stand by, à espera do dia em que eu estivesse de bem com o mundo e comigo mesma.

Sábado passado foi esse tal dia. Mas acho que ainda não era o momento certo: talvez eu estivesse bem demais pra me deixar envolver pela carga dramática que a história (real!) carrega e que eu fui deixando passar batido.



Não que não seja comovente ver um garoto lindo e rico abandonar sua vidinha burguesa e cercada de hipocrisias e partir em busca do ’seu eu’ lá no Alasca! (se preferir ler uma sinopse decente, clique aqui). Mas o filme em si, a meu ver, não passou de mais um road movie no qual o personagem viaja por cenários incríveis, conhece pessoas idem, aprende algumas coisas com elas e segue seu caminho, solitário, até o fim.

Ok, Into the Wild tem seus méritos, sim, e não posso deixar de recomendá-lo. Como se já não bastasse uma excelente
trilha sonora, a direção e a montagem parecem ter caminhado juntas o tempo todo. Talvez esteja aí a razão da minha aparente indiferença ao drama de Chris: o filme é leve e a história ganha ares de poesia pura. Em alguns momentos me peguei relembrando ‘Beleza Roubada‘, do Bertolucci, onde também há textos e pensamentos sendo transcritos por sobre as imagens, no tempo real da narração. Lindo!

Falando em textos, o filme só foi possível por conta das anotações diárias de Chris. São elas que fazem Into the Wild ser do jeito que é: tão sob a ótica do personagem. Eu sempre digo que escrever transforma a gente em terceira pessoa. O que dizer então quando essa terceira pessoa pertence ao plural, onde estamos nós, milhares de espectadores. Bendito seja quem não se esquece de lápis e papel na bagagem de uma jornada sem previsão de fim!

E bendito seja você que vai ignorar minha eventual falta de sensibilidade (risos) e mergulhar, você mesmo, nessa busca pelo seu ‘eu’. Into the wild é daqueles filmes que, de tão particular, pode te tocar de várias formas, de vários jeitos. Basta querer assisti-lo. Fica a dica!

*(escrito em 26/01/09)

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