8.11.06

Rascunhando* (1)

*(textos-que-rascunhei-e-não-postei-então-não-sei-a-data-ou-não-terminei-de-escrevê-los)

Eu tava meio injuriada com não sei o quê. Ou melhor, sei sim, mas não convém falar nisso agora.

Saí de casa pela manhã sem pretensão de voltar. Só faltei colocar o cobertor na mochila. Limitei-me a incluir uma blusa, um rolo de papel higiênico (báááásico!), minha agenda e uma caneta. Este estado de injuriamento me torna muito produtiva no que diz respeito ao escrevinhamento de palavras.

Saí do trabalho querendo ir ao cinema. Passaria na minha irmã antes. Mas uma "breve" conversa com uma "colega" de trabalho me fez ficar fora de todos os meus horários antes programados. Mas tudo bem, afinal, discutíamos sobre a novela. Não, não a de Manoel Carlos e sua Helena. Falávamos da novela da Belas Artes e a irredutível posição de não retirar as faltas da Espiral, faltas anteriores à sua matrícula e que geraram duas DPs. Anyway...

Entro no busão, ligo pro Tiagão. Confirmo o filme e sigo o trajeto. Pausa na leitura da revista para dar ouvidos ao bafafá que se forma entre o triângulo: motorista, cobrador e passageira. O primeiro havia errado o caminho, o segundo confirmava, mas também era novo na linha. A terceira fazia parte da conversa, falava mais alto que todos, mas sem dar a solução. Tentei intervir e explicar. Inútil. Na impossibilidade de formar o "quarteto mágico" (ha-ha, que engraçada!), abri minha mochila, peguei a agenda e a caneta (viu? Eu sabia que seriam úteis!). Desenhei o mapa com o caminho correto e, antes de desembarcar, entreguei-o ao cobrador enquanto lhe dava as coordenadas. Ouvi uns quinhentos obrigados. Aquilo me fez um bem!

Cheguei ao Cinesesc pouco antes da distribuição dos ingressos. Na minha vez, pedi 4, quase baixinho, no melhor estilo "fica entre eu e você, ninguém mais precisa saber". E pra minha surpresa, a moça foi gentil.

Enfim, decidi sentar-me na escadaria. Confesso que seeeeeempre quis fazer isso. E então, deu-se início ao meu processo criativo, frente ao ambiente inspirador. Pessoas de todas as idades, de todos os tipos. Mas é um "todos os tipos" que já virou categoria: os cinéfilos são, no fundo, todos iguais.

O tiozinho da pipoca lava a panela enquanto, ao meu lado, um carinha saradinho e de cabelo desgrenhado (!) fala ao celular com voz mole... (tudo bem, eu já tinha lido o jornal dele, por tabela, cheio de manchetes referentes à militância gay).

Um pouco mais à frente, dois degraus abaixo e quase de frente pra mim, outro ser me observa. Eu também o observo por trás da franja (que nem é mas insiste em ser) que cobre meu olho direito (com o esquerdo vejo o que estou escrevendo, rs). Quando me volto pra ele, ele desvia. Na verdade, nem é assim "um ser qualquer". Lembrei-me de tratar-se de um "calouro" do ano em que eu me despedia da ETE. Na verdade, confesso, vai, eu pagava um pau. E até ia dizer aqui que situações andam se repetindo... mas a mina dele acaba de chegar. E o casal é lindo!

Tiagão me liga. Vai atrasar. Uma muvuca se forma, vou ver o que é: os "chegantes" em cima da hora. Volto pra escada. "Oh! Meu lugar continua lá!". Um mané acende o cigarro aqui, na minha frente. E ainda posa de "poser", de frente pra rua. Blah!

O cheiro de pipoca começa a invadir meu estômago (entre uma tragada e outra do mané) e vejo que é hora de me levantar. Ah, olha, o Tiagão chegou. Vamos pra fila. Esse filme acabou. Mas a sessão ainda vai começar...

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